Este mês é celebrado o “setembro amarelo”, movimento importante que desenvolve ações de conscientização ligadas à prevenção ao suicídio.Hoje, vivemos em meio a uma pandemia sem precedentes e muitas pessoas acabaram ficando longe dos familiares, em situações de pressão ou medo constantes. Tudo isso colocou a saúde mental em pauta e mostrou como é essencial discutir esse assunto!
Além desse afastamento de quem amamos nesses últimos meses, há um crescente número de casos de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais oriundos de uma série de fatores. A vida corrida nas cidades, o estresse constante da rotina, pré-disposições genéticas, acontecimentos traumáticos, má alimentação e consequentemente alterações hormonais são algumas das possíveis causas.
Mas cada pessoa é única, com os seus anseios e biografia, determinando uma forma muito particular de interpretar o mundo e os estímulos que recebe dele. Vamos falar um pouco mais sobre saúde mental e a sua ligação com a alimentação?
Como o que comemos afeta nossa saúde física e mental?
A alimentação é uma das fontes mais importantes de nutrição do nosso corpo aqui na terra. Ela nos dá forças para ir em busca de nossos objetivos (planejar e agir). Afinal, quem nunca se sentiu enfraquecido depois de um dia corrido, sem ter desfrutado uma refeição saudável e percebeu que não conseguia pensar direito ou realizar determinada ação?
Isso mostra que os alimentos estão conectados com nossos órgãos vitais, mas também com nossa personalidade, influenciando o que pensamos e sentimos. E é por isso que, quando nos vemos em uma situação delicada ou em um dia difícil, nos perguntamos: “que tal comer um docinho? Acho que vai ajudar a me sentir melhor! Afinal, eu mereço uma recompensa, não é?”
E é aí que nos enganamos. Transferir para a comida a nossa dificuldade em lidar com as emoções e situações de estresse, como frustração e ansiedade, é apenas uma solução temporária, como “tapar o sol com uma peneira”. Assim como fazer da comida moeda de troca quando nos propomos uma “recompensa” ou “prêmio”. Comida é para alimentar o corpo, e não para satisfazer ou compensar nossas faltas ou desejos.

Como nosso cérebro reage a tudo isso?
Não é por acaso que procuramos com frequência doces ou alimentos industrializados, com sabores realçados e extremamente palatáveis em momentos de estresse e extrema exaustão. Eles são ricos em gorduras, sódio, corantes, conservantes e principalmente em carboidratos simples, que se conectam diretamente aos receptores opioides do nosso cérebro, causando um efeito semelhante ao das drogas! São o que chamamos “Alimentos Excitatórios”, que excitam o sistema nervoso de forma rápida, intensa e efêmera, fazendo com que o corpo sinta falta dessas substâncias e as queira cada vez mais. São alimentos literalmente VICIANTES.
Quando esse ato de descontar na comida se torna um ciclo vicioso, como um refúgio, pode ser hora de buscar ajuda para recuperar o bem-estar, em busca de uma melhoria para a saúde mental. Nesse caso, o ideal é o paciente ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar além do nutricionista, como educador físico, terapeuta artístico, psicólogo ou psicoterapeuta, e em casos mais severos, um psiquiatra.
Ressalto que é preciso avaliar sempre a individualidade de cada um, no contexto de vida e biografia, que podem trazer sinais, memórias e marcos importantes em situações de transtornos alimentares.
O SUS, por exemplo, conta com o AMBULIM: um Programa de Tratamento de Transtornos Alimentares responsável por fazer o acompanhamento dessas pessoas de perto e oferecer um atendimento de qualidade.
Leia também: Nutrição e a consciência espiritual para uma vida saudável
Mas o que faz bem para a saúde mental?
Se a nossa alimentação é parte de quem somos, como podemos incluir alimentos que façam bem para a nossa saúde mental?
Em primeiro lugar, sempre saliento a importância do desenvolvimento da consciência: precisamos saber O QUE comemos, POR QUE comemos e como cada coisa que colocamos no prato pode trazer benefícios ou malefícios para o corpo e a mente.
Além disso, o que você come pode intensificar tendências que precisariam ser amenizadas e sutilizadas para encontrar equilíbrio, coerência e harmonia.
Pensando nos alimentos que fazem bem para o cérebro, que contribuem para o raciocínio lógico, clareza de pensamentos e criatividade, posso citar:
- Cereais integrais
- Alimentos ricos em ômega 3 e 9, com boas gorduras, como azeite, abacate, peixes, sementes e oleaginosas
- Alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios, a exemplo de frutas vermelhas, azuis e roxas, ricas em resveratrol.
Em contraponto, a sugestão é evitar industrializados e os famosos fast food, além de alimentos ricos em glúten e caseína, que desgastam o organismo e destroem as conexões neurais gradativamente.
Pode não parecer, mas em longo prazo isso significa, além de um malefício para a saúde mental, o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como demência, Parkinson e Alzheimer.
Nutrição além da alimentação: o que traz saúde e bem-estar?
Separei algumas práticas que podem melhorar a qualidade de vida e ativar algumas áreas do nosso cérebro que nutrem e trazem sentimentos bons de felicidade e bem-estar.
- Mantenha-se sempre hidratado
- O movimento é essencial: escolha uma atividade física que você goste. Existe uma infinidade de possiblidades para explorar
- Encontre um hobby em grupo ou de forma individual – pode ser dança, leitura, jardinagem, pintura, o importante é descobrir algo que realmente traga alegria e aquela sensação boa e agradável para amenizar os dias difíceis.
- Medite! Pode parecer algo simples, mas fazer pequenas pausas ao longo do dia, longe de celulares ou qualquer outra interferência, ajuda a ter distanciamento para perceber com mais clareza a dimensão correta das coisas, se conectar com a natureza e com o todo, além de ter um encontro consigo mesmo. Isso traz segurança!
- Fique atento à respiração: o movimento de inspirar e expirar (ir ao centro e à periferia) precisa acontecer de forma adequada. Isso é vida!
- Enfim, encontre um ritmo! A natureza nos ensina a ter ritmo: dia e noite, estações do ano, fases da lua, os ciclos da natureza e suas festividades. Na mesma medida precisamos encontrar o ritmo em nosso dia a dia: o despertar e adormecer, hora de trabalhar, se alimentar, pausar, cada coisa em seu tempo-espaço do dia. Isso traz saúde e a esperança de renovação a cada dia!
Essas são apenas algumas sugestões que podem fazer a diferença para a saúde mental. É necessário ajuda e muita força de vontade para sair de um ciclo vicioso, mas com o acompanhamento de especialistas e dando um passo de cada vez, é possível encontrar um caminho novo a percorrer.
Mas para mim o ritmo ainda é a chave de tudo: acredito que a vida acontece nas pausas. Nas pausas do coração, da respiração, indo na contramão da correria e do estresse do dia a dia. Assim, você pode aproveitar esse tempinho para desfrutar das belezas do mundo e as sutilezas que acontecem ao seu redor.
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